Caatinga (do tupi: ka'a [mata]
+ tinga [branca] = mata branca) é o único bioma exclusivamente brasileiro, o
que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser
encontrado em nenhum outro lugar do planeta. Este nome decorre da paisagem esbranquiçada
apresentada pela vegetação durante
o período seco: a maioria das plantas perde as folhas e os troncos tornam-se
esbranquiçados e seco.
Foto: Jose Carlos 2012.
A caatinga ocupa uma área de cerca de 850.000 km², cerca de 10% do
território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados da Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão,Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia (região
Nordeste do Brasil) e
parte do norte de Minas Gerais (região
Sudeste do Brasil).
Imagem: google.
Ocupando cerca de 850 mil km² (aproximadamente 10% do território
nacional), é o mais fragilizado dos biomas brasileiros. O uso insustentável de
seus solos e recursos naturais ao longo de centenas de anos de ocupação,
associado à imagem de local pobre e seco, fazem com que a caatinga esteja
bastante degradada. Entretanto, pesquisas recentes vêm revelando a riqueza
particular do bioma em termos de biodiversidade e fenômenos característicos.
Do ponto de vista da vegetação, a região da caatinga é classificada como savana estépica. Entretanto, a paisagem é bastante diversa, com regiões
distintas, cujas diferenças se devem à pluviometria, fertilidade e tipos de solo e relevo. Uma primeira divisão que pode ser feita é entre o agreste e o sertão. O agreste é uma faixa de transição entre o interior seco e a Mata Atlântica, característica da Zona da Mata . Já o sertão apresenta vegetação mais rústica. Estas regiões são
usualmente conhecidas como Seridó, Curimataú, Caatinga e Carrasco.
Segundo esta distinção, a caatinga seridó é uma transição entre campo e a caatinga arbórea. Cariri é o nome da caatinga com vegetação
menos rústica. Já o Carrasco corresponde a savana muito densa, seca, que ocorre
no topo de chapadas, caracterizada pelo predomínio de plantas caducifólias lenhosas,
arbustivas, muito ramificadas e densamente emaranhadas por trepadeiras. Ocorre
sobretudo na Bacia
do Meio Norte e Chapada do Araripe.
Devido
às ações do homem,
com exemplo da época da colonização
do Brasil onde grande parte do território da Caatinga
foi utilizado para a monocultura de cana-de-açúcar, cerca de 80 % de sua
cobertura original foi alterada, e atualmente apenas 1 % da mesma é protegido
por centros de conservação que combatem à exploração de seus recursos naturais
em vista de preservar o bioma. Com a tentativa de favorecer o processo de
irrigação, foram criados açudes artificiais, contudo esta prática acabou
levando à salinização do solo e hoje cerca de 40 mil quilômetros quadrados da
Caatinga já foram desertificados.
FLORA
Foto: Edinaldo 2012
A
vegetação da caatinga é adaptada às condições de aridez (xerófila). Foram
registradas até o momento cerca de 1000 espécies, estimando-se que haja um
total de 2000 a 3000 plantas.
Apresenta
vegetação típica de regiões semiáridas com
perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente
acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações
vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou
a Floresta
Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa ideia de que o
bioma seria homogêneo, com biota pobre
em espécies e em endemismos, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o
início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação
do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies,
principalmente de grandes mamíferos, cujo
registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação
das localidades onde existiram.
Foto: Carlos 2012
Entretanto,
estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica
em biodiversidade e
endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como
primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o
seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o século XVI
FAUNA
A fauna da Caatinga, ao contrário do que muitos
pensam, é bastante rica e possui espécies variadas como o veado-catingueiro,
preá, gambá, asa branca, arara azul (inclusive ameaçada de extinção), cutia,
entre outras como cachorro do mato, insetos, aracnídeos e roedores diversos.
São cerca de 45 espécies diferentes de serpentes, 44 espécies de anuros (sapos
e rãs), 47 de lagartos sendo 7 de anfíbios e
4 espécies de quelônios (família das tartarugas).
Na Caatinga ainda
podemos encontrar os brejos, que são como os famosos oásis do deserto, áreas ricas em nutrientes mesmo em época de seca
e que são muito propícias à prática da agricultura e à subsistência de espécies
variadas de animais.
CLIMA
O clima na região da caatinga é bastante árido e com precipitação anual
em torno de 300 a 800 mm. Na região da caatinga vivem cerca de 20 milhões
de brasileiros que convivem com os longos
períodos de estiagem e a irregularidade climática.
Pela região passam os rios São Francisco e Parnaíba que percorrem a
região da caatinga e recebem a contribuição de diversos afluentes que nascem
ali.
Em alguns locais podemos encontrar os chamados brejos, verdadeiros oásis no meio do deserto. Mesmo
em épocas de seca intensa, quando a caatinga se assemelha a um deserto, os
brejos são locais ricos em nutrientes e bastante propícios ao cultivo e à
subsistência de variadas espécies animais.
DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL
Fonte: Carlos 2012
Porém
este patrimônio encontra-se ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela
população local, desde a ocupação do semiárido, tem levado a uma rápida
degradação ambiental. Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se
encontra alterada pelo homem e somente 0,28% de sua área encontra-se protegida
em unidades
de conservação.
Em 2010, no primeiro monitoramento já realizado sobre
o bioma, constatou-se que a caatinga perde por ano e de
forma pulverizada uma área de sua vegetação nativa equivalente a duas vezes a
cidade de São Paulo. A área
desmatada equivale aos territórios dos estados do Maranhão e
do Rio de Janeiro somados.
O desmatamento da caatinga é equivalente ao da Amazônia,
bioma cinco vezes maior.
De
acordo com o Ministério
do Meio Ambiente, resta 53,62% da cobertura vegetal original.
A principal causa apontada é o uso da mata para abastecer siderúrgicas de Minas Gerais e Espírito
Santo e indústrias de gesso e cerâmica do semiárido. Os
dois estados com maior incidência de desmatamento deste tipo de bioma são Bahia e Ceará. A
caatinga perdeu 45% da área original.
Estes
números conferem à caatinga a condição de ecossistema menos preservado e um dos
mais degradados conforme o biólogo Guilherme Fister explicou em um recente
estudo realizado na Universidade
de Oxford.
Como
consequência desta degradação, algumas espécies já figuram na lista das espécies
ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a aroeira, uricuri e
o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação
florestal de serem usadas como fonte de energia, a fim de evitar a sua extinção.
Quanto à fauna, os felinos (onças e
gatos selvagens), os herbívoros de
porte médio (veado-catingueiro e capivara), as
aves (ararinha-azul, avoante)
e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela
caça predatória e destruição do seu habitat natural.
Para
reverter este processo, estudos da flora e fauna da caatinga são necessários.
Neste sentido, a Embrapa Semiárido, UNEB e Diretoria de Desenvolvimento
Florestal da Secretaria de Agricultura da Bahia aprovaram o projeto
"Plantas da caatinga ameaçadas de extinção: estudos preliminares e
manejo" junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), tendo por
objetivo estudar a fenologia,
reprodução e dispersão da aroeira do
sertão, quixabeira, imburana de
cheiro e baraúna na
Reserva Legal do Projeto Salitre, em Juazeiro,
na Bahia. Este projeto contribuirá com importantes
informações sobre a biologia destas plantas e servirá de subsídios para a
elaboração do plano de manejo destas espécies na região. Cerca de 930 espécies
vegetais são encontradas somente na caatinga baiana, sendo 320 exclusivas.
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